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Inverno na Bacia amazônica, a hora dos peixes de couro

Temos o prazer de divulgar matéria de nosso companheiro Pablo Castro, grande pescador do Pará, que descreve com detalhes a pesca esportiva feita no rio Xingu em tempo de cheia.   Bem-vindo, Pablo, precisamos de parceiros como você, com espírito esportivo e consciência ecológica!

Para a maioria dos pescadores do médio Xingu, o período de novembro a maio significa uma péssima pescaria.  Na maioria das vezes, ela nem chega a acontecer, pois chove muito, os rios estão cheios e a possibilidade de se fisgar um belo tucunaré, uma bicuda ou trairões fica muito remota, justo para esses que são dos mais apreciados peixes esportivos do Brasil e abundantes em nossa região. Agora, se há intenção de enfrentar as chuvas e as dificuldades, você pode se deparar com os grandes peixes de couro, como os cacharas,  barbados, pirararas e jaús. Nesse período, logo antes da desova (piracema) os peixes se reúnem formando grandes cardumes, e comem de tudo que vêem pela frente, com o objetivo de acumularem energia para a reprodução,  época em que não se alimentam.  Lembre-se, antes de programar sua pescaria de inverno, é necessário procurar os órgãos responsáveis da região para obter maiores informações sobre o período de piracema. Dessa forma, você respeita o período e a reprodução das espécies.

 

Munido dessas informações, você terá grandes possibilidades de fazer uma excelente pescaria, considerando que, na época da cheia, os grandes peixes de couro enfrentam dificuldades para caçar suas presas e se tornam mais vulneráveis.  ........ Nessa época, os pontos mais interessantes para a captura dessas espécies (principalmente pirararas, cacharas e bicos de pato) devem ser aqueles mais próximos das margens dos rios, preferencialmente onde se encontrar um barranco. Outros pontos são bocas de afluentes e de igarapés. Já os barbados, jaús e outras espécies são mais encontrados no leito dos rios, próximo a pedreiras ou nos remansos onde há concentração de alimentos. Mas não há uma regra clara.  Na pescaria nada é  sempre previsível, tudo pode acontecer.

A região de São Felix do Xingu fica a 370 km de Redenção, pegando a rodovia PA 270 em Xinguara, no sentido de São Felix, cidade à margem do rio de onde se pode seguir várias opções de destinos de pesca. Ali se fazem grandes pescarias, no rio de beleza extraordinária com suas cachoeiras imponentes, e com diversas praias ao longo do rio. Essa região oferece grande satisfação aos pescadores, pois além da grande variedade de peixes, possui ótimos locais para se fazer acampamentos.  Ainda não dispõe de pousadas especializadas para atender a pesca esportiva, mas mesmo assim se pode desfrutar de belas paisagens enquanto curtindo a pescaria como um todo. O Xingu é generoso também com seu belo por do sol, quando contemplamos as belezas naturais. Nos sentimos responsáveis por vivenciarmos essa maravilha, e nos conscientizamos da necessidade de ajudarmos a combater os atos criminosos contra o meio ambiente. Só através da conscientização ecológica,  vamos ter a possibilidade de continuar desfrutando desses rios e desse esporte que tanto apreciamos.

 

Sabemos que devemos ensinar aos nossos filhos o que aprendemos com nossos pais. É altamente gratificante  transmitir esses conhecimentos a eles em um barco no rio. Ou num barranco, numa praia... não importa o local, é muito prazeroso. O ensino das técnicas de pesca, os macetes que já aprendemos, a convivência em grupo. Um bom pescador é aquele que sabe dar valor às coisas simples da vida, aproveitando cada momento de uma pescaria para ser feliz e aumentar seu conhecimento.


Arsenal reforçado

Um dos pontos mais importantes de uma pescaria são os equipamentos necessários. Vale lembrar que na hora H, na hora de tirar aquele belo exemplar, não basta só o conhecimento ou a técnica. É importante ter um equipamento confiável para a queda de braço com o peixe. Podemos citar alguns equipamentos especificamente para essa modalidade (peixes de couro).
 

Equipamento  para  peixes de couro na região do Xingú

 

As carretilhas devem ter grande capacidade de linha, pois na violência das corridas,  os peixes podem tomar bastante linha, exemplo dos  pirararas e grandes   cacharas. O freio deve estar bem regulado e a resistência fica por conta da linha multifilamento e de um grosso líder para resistir à abrasão na passagem por pedras.

 

A vara, de grande resistência, deve ter cabo duplo e longo, com a finalidade de apoio nas duas mãos e no cinto porta-vara. Varas de 2 metros  para linhas acima de 50 libras – Linhas multifilamento de 60 a 80 libras, com líder monofilamento de 1,00 a 1,60 mm. Para os peixes lisos, usamos monofilamento 0,80 mm, e anzóis de 7/0 a 10/0 com chumbadas de 30 até 500 g, dependendo da força da correnteza.

 

Usamos de preferência linhas monofilamento no caso de rios com corredeiras, pois as de multifilamento causam vibração, o que diminui a produtividade da pescaria.

 

Considerando um equipamento específico para os barbados “boca larga” e outros peixes de menor porte, podemos usar uma vara de 15 a 30 libras, de cabo duplo,  ação rápida, de 1,90 m de comprimento e carretilhas ou molinetes que devem conter pelo menos 100 metros de linha de 30 libras (0,40 mm), resistentes à abrasão e de baixa elasticidade.

 

Para a pesca em geral, é recomendável usar uma tralha média-pesada, formada por varas de 20 a 40 libras de ação rápida, de cabo duplo e com 2,00 a 2,20 metros de comprimento, equipadas com carretilhas ou molinetes contendo 100  a 120 metros de linha 0,50 a 0,60 mm, resistente à abrasão e de baixa elasticidade .


Munido com esses equipamentos, o sucesso estará parcialmente garantido em suas pescarias, com conforto, segurança e satisfação.

 

Estrutura de pesca: Chegando a São Felix, pode-se contratar barcos, caso sua opção seja explorar áreas mais distantes. Esses são barcos têm capacidade entre 3 e 15 toneladas, com guias experientes, garantindo uma viagem segura e confiável e proporcionando uma bela pescaria nesse período em que nem todos se arriscam. É importante se informar com os órgãos responsáveis sobre as regiões onde é permitida a pesca, pois existem algumas reservas indígenas onde  o acesso é proibido.

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